Existe uma grande variedade de jogos de cartas que podem ser trabalhados na escola com o intuito de apresentar situações de ensino envolvendo diferentes conteúdos, como comparação de quantidades, comparação de escritas numéricas, relação entre a numeração oral e a escrita, cálculo etc.
Nesses jogos, o professor decide como montar o maço de cartas de acordo com seus objetivos: pode variar o valor das cartas (por exemplo: de 0 a 10, números compreendidos entre 1 e 100 ou apenas cartas com números terminados em 0) ou o tipo de cartas (com ou sem desenhos indicando a quantidade). Cartas de 0 a 9 e sem desenhos permitem formar números com diferentes quantidades de algarismos para propor situações de comparação e de cálculo, sempre centradas na reflexão sobre o valor posicional. A eleição do tipo de cartas e a quantidade de jogadores são variáveis e precisam ser consideradas para adaptar o jogo aos conhecimentos das crianças.
Materiais necessários
- Para o jogo Batalha Simples: um maço de 40 cartas com números terminados em 0, por dupla de alunos.
- Para o jogo Batalha de Composição: quatro conjuntos de cartas numeradas de 1 a 9 e 20 cartas com o número zero (total de 56 cartas), por grupo de quatro crianças.
Observação importante: as cartas devem ter apenas os números, de maneira que a comparação se baseie exclusivamente na escrita numérica.
Objetivo
- Comparar escritas numéricas e refletir sobre o valor posicional dos algarismos.
Conteúdo
- Ordenação e comparação de números grandes (de dois, três ou quatro algarismos).
Para crianças com deficiência intelectual
Antes de começar as atividades, é fundamental considerar o que a criança já sabe a respeito dos números. Antecipe as etapas do jogo, mostre as cartas para a criança com deficiência e repita as partidas quando necessário para que ele compreenda a lógica da batalha numérica. O aprendizado dos pequenos com deficiência intelectual tem de fazer sentido na vida cotidiana, dentro e fora da escola. Por isso, o uso de calendários, fitas métricas, réguas ou de objetos do dia a dia – como sapatos de diferentes tamanhos, por exemplo – ajudam a criança a perceber a importância dos números. Respeite o ritmo de aprendizagem da criança e, se preciso, faça ajustes nos objetivos da proposta. Jogar em duplas também pode ser uma boa estratégia para que a criança aprenda com os colegas. Proponha algumas atividades complementares de reconhecimento do valor posicional dos algarismos para que a criança realize em casa, com ajuda dos familiares.
Desenvolvimento
1ª etapa
Comece pelo jogo Batalha Simples. Distribua as cartas equitativamente entre os dois jogadores. Cada jogador coloca seu monte na sua frente, com os números voltados para baixo. Ao mesmo tempo, os jogadores viram a carta de cima do monte. O que tiver a carta mais alta fica com as duas (a própria e a do seu colega). Se houver empate, os jogadores dizem “batalha” e cada um coloca uma segunda carta na mesa. Quem tiver a carta mais alta fica com as quatro cartas (as duas próprias e as outras duas do adversário). O jogo termina quando acabar o maço inicial de um dos jogadores. Ganha quem obtiver a maior quantidade de cartas. Neste jogo é possível que as crianças busquem em um portador numérico os números obtidos em suas cartas. Vale usar uma fita métrica, um calendário ou um quadro numérico. Em qualquer um deles, a meninada pode checar qual dos números é o maior. O ganhador será aquele que tiver a carta com número mais longe do começo desses marcadores. Uma variação para esse jogo é incluir novas cartas como, por exemplo, com o 0 entre outros dois algarismos: 502, 205, 4039, 4903 etc.
Depois de algumas partidas do jogo, é importante propor situações em que as crianças possam refletir sobre as partidas realizadas. Veja alguns exemplos de problemas que podem ser apresentados aos alunos.
1. Circule o número da carta vencedora em cada uma das jogadas abaixo:
2. João virou uma carta e tirou o 80. Qual número Vitor terá de tirar para ganhar essa partida?
Depois de as crianças resolverem individualmente, organize um debate sobre se existe uma única resposta e incentive todos a fundamentar suas conclusões.
2ª etapa
Uma variação do jogo Batalha Simples é o Batalha de Composição. Consiste em utilizar cartas com algarismos de 0 a 9 e mudar as regras. Neste caso, as crianças viram duas ou mais cartas de cada vez e precisam montar o número mais alto que conseguirem a cada jogada. Quem formar o número mais alto leva todas as cartas. Organize as crianças em grupos de quatro, no qual jogam uma dupla contra a outra. Entre as possíveis estratégias das crianças para decidir qual número é o maior pode aparecer algo como “o primeiro número é o que manda” ou elas podem se apoiar na série numérica e, em seguida, comparar os números obtidos. A opção de realizar este jogo em pares de duplas tem como objetivo favorecer o intercâmbio, já que há a necessidade de justificar as opções para o colega.
Como no jogo anterior, depois de algumas partidas, proponha situações de reflexão.
1. Arthur tem as cartas 2, 3 e 7, quais números ele pode formar?
2. Escreva todos os números maiores que 300 que Arthur pode formar.
3. Em outra jogada, Arthur virou as cartas 2, 8 e 5. Sabendo que Arthur ganhou essa jogada, complete as cartas de João.
O objetivo do primeiro problema é as crianças formarem todos os números possíveis com as três cartas indicadas. No segundo problema, a limitação imposta requer avaliar como deverá começar o número para superar o indicado. Já no terceiro e no quarto problemas, podem aparecer diferentes respostas, já que as crianças devem escolher três cartas entre todas as possíveis.
Avaliação
Observe e anote os critérios utilizados pelas crianças para comparar os números e decidir qual é o maior. Conforme os alunos avançam, proponha novos desafios, alterando os valores das cartas ou a quantidade de algarismos. Abaixo, seguem duas sugestões.
Desafio 1
Proponha essa outra variação do jogo: a cada jogada, um dos jogadores será secretário e jogará sozinho contra os demais. O secretário embaralha as cartas e distribui apenas uma para cada um dos jogadores, incluindo ele, colocando em seguida duas cartas na mesa, com o número voltado para cima. O secretário decide se quem ganha a jogada é quem formar o número maior ou o menor número. Ele tem a vantagem de, antes de decidir, olhar a sua carta e avaliar com qual regra terá maior possibilidade de ganhar. Então, em voz alta, diz "maior" ou "menor". Cada jogador escreve o melhor número que puder ao colocar sua carta no lugar que mais lhe convier (na frente, entre ou atrás das duas cartas da mesa) para formar o número que mais se aproxime do que foi determinado pelo secretário. Em seguida, os jogadores comparam os números escritos por todos os participantes. Se o que chegou mais perto do objetivo for o secretário, ele ganha um ponto de cada jogador e os jogadores não marcam pontos. Se um dos jogadores escrever o número mais perto do que disse o secretário, todos os jogadores marcam um ponto e o secretário nenhum.
Desafio 2
Nos problemas abaixo é solicitado que as crianças formem diferentes números e o trabalho se centra na ordem em que devem ser apresentados.
1. Na mesa estão o 3 e o 4. Paula tem o 5, escreva o maior e o menor número que ela pode formar.
2. Escreva todos os números que ela pode formar e ordene-os do menor para o maior.
3. Com o 2, o 4 e o 7, forme quatro números de três algarismos tal que:
Fonte: Revista Nova Escola
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